Por Eduardo Caputo

Sempre que atingimos idades notáveis, como os 30 ou quando entramos nos "enta", ou atingimos meio século de vida, pensamos em fazer algo para marcar aquele momento. Pode ser uma festa, uma viagem ou aprender algo que sempre tivemos vontade, mas não havia tempo. Eu sempre fui um aspirante a músico. Digo isso porque acho legal, mas não tenho a habilidade e nem a persistência necessária para desenvolver melhor o pouco que sei fazer nos instrumentos que me atrevo a tocar. Mas, isso não importa muito, porque a música é democrática, e não interessa a tua habilidade. Basta que tu gostes, e está tudo bem.

Quando eu atingi a notável marca dos 30, resolvi me dar de presente um curso de cavaquinho. Eu já fingia que tocava, mas a evolução era necessária. Comecei tocando violão, 15 anos mais cedo. Um tempo depois, peguei emprestado de um amigo o modelo de uns acordes e um cavaquinho. Desse ponto em diante eu passei a achar que tocava, mas sabia que não. Conversei com um amigo que me indicou uma escola de música que abrira fazia pouco na cidade, e que contava com esse curso entre os oferecidos, e fui conferir.

Foi lá que conheci o Darlan. Professor, CEO da empresa e músico fantástico. Um jovem, da minha idade, porém com uma experiência de vida bem maior que a minha. Eventualmente, era necessário remarcar uma ou outra aula, em especial quando próximas ao final de semana, pois ele me dizia que precisava ir para a Capital do Mundo. Inicialmente, não quis perguntar onde era essa cidade tão importante, até para não parecer inconveniente. Mas, conforme o tempo foi passando, um determinado dia o questionei, pois afinal onde ficava a Capital do Mundo?! Prontamente, ele me respondeu: Caçapava do Sul!

Não saber esconder a surpresa nas respostas é um problema dos curiosos. Ao notar isso, ele prontamente me explicou o motivo de se referir a Caçapava como Capital do Mundo. Foi lá que ele nasceu e cresceu. Lá estão suas raízes, sua família e seus amigos. Portanto, teria local mais importante no mundo?! Claro, sob o ponto de vista dele. Eu nunca havia morado fora de Pelotas até então, e, portanto, nunca tinha pensado sobre isso. Já meu nobre amigo já estava distante de sua Capital do Mundo fazia certo tempo.

Minha primeira experiência longe de Pelotas, foi em 2017. Já em outro país, vivenciando outra cultura, e um fuso horário completamente inverso. Austrália está 13 horas à frente do Brasil. E, sim. Preciso dizer que Darlan estava certo. O sentimento de Capital do Mundo existe. Pelotas pode não estar entre as cidades mais importantes do mundo, não é perfeita como sabemos, porém, é a Capital do Mundo de muitos que não mais moram por aqui. Costumo dizer que várias das coisas que eu gosto de fazer, podem ser feitas em outras cidades. Ir a um jogo de futebol, ao samba, churrasco, praticar esportes, etc. Porém, não é apenas sobre fazer o que gostamos, mas sim com nossas pessoas e no nosso lugar. Todas essas variáveis juntas, configuram o que aprendi a denominar como Capital do Mundo.